domingo, 27 de dezembro de 2015

A revolta das Caxirolas! (O Homem Put@ estava lá)



Nosso amigo até que tentou protestar influenciado pelos comentários carregados de paixão que ouviu durante a semana no bar de Cavalo. Foi às ruas, levou até cartolina e um piloto. A frase ficou de criar na hora. Sentiu-se deslocado. Quem eram aquelas pessoas ao seu redor? O largo estava cheio. Pensou em uma frase de efeito para pôr na cartolina. Nada vinha à cabeça. Tentou colar dos companheiros de causa ao lado. Mas que causa, por que ele estava ali mesmo? Pensou, pensou... e nada. Foi então que avistou um ambulante: Três “piriguetes” por R$5,00. O álcool pode dar uma ideia, pensou. A primeira desceu como um comprimido. A segunda ele já saboreou. Com a terceira ele já olhava as manifestantes com olhos de rapina. Comentou com o ambulante:
- Tem até mulher com cabelo no sovaco e no peito, não é irmãozinho?

Quando percebeu que os manifestantes começaram a se movimentar, sacou mais R$5,00 e preparou seu kit passeata.
- Arruma um saco e manda mais três aí!
A essa altura nem sabia onde havia deixado sua cartolina.
À medida que avançava, cartuchos de “piriguetes” ficavam para trás assim como a sua ideologia.  Encontrou uma caxirola no chão. Pelo menos tinha algo para sacudir e fazer zuada. Ficou contente com o achado, por um momento pensou na sapiência do seu inventor: “Como conseguimos viver tanto tempo sem essa maravilha?”.
De repente, estouros de bombas, correria, gás de pimenta. A truculência espontânea, quase que natural da PM. Os olhos do nosso amigo encheram de lágrimas e não eram lágrimas de emoção. Irritou-se, xingou a plenos pulmões:
- Cara..o, filhos da p#t@!
Tomou um tombo de um manifestante e retribuiu com um chute. Correu, tropeçou, caiu, perdeu sua caxirola. Aproveitou a situação entrou na primeira transversal e pensou: “Pimenta só no abará!”.
Voltou pra casa andando, arrependido, sem caxirola e sem causa pra lutar. Era o Homem Put@.


Por Marcelo Letal

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